terça-feira, 12 de maio de 2009

A leitura e a produção de conhecimento


Nos anos em que trabalhei com as estudantes e os estudantes (tão raros) do curso de Pedagogia, era discurso meu sinalizar que os pedagogos não deveriam se distanciar muito da universidade. Dizia que tínhamos de ter um pé nas escolas e um pé em contato com as publicações e discussões que somente a universidade tão bem sabia fazer. Depois de afastada quase dois anos desse universo, sinto uma imensa lacuna se abrindo em meu cotidiano profissional. O que eu recomendava é realmente verdadeiro. Não me parece possível ser professora sem estudar sempre. Começo a me sentir estranha e já não compreendo bem o que faço, pois quase não se tem forças para refletir quando se está oito, nove horas nas escolas. A rotina, dizem, faz mal ao casamento. Mas não é somente aos relacionamentos que ela prejudica. A profissão também sente os efeitos da repetição e da falta de renovação. Talvez consiga chegar até o final deste ano letivo sem me envolver com algum estudo sistematizado, porém será muito difícil seguir pensando e sentindo esse esvaziamento intelectual que a prática nos delega depois desse prazo. Meus futuros educandos perderiam a oportunidade de ver minha energia e meu entusiasmo. Ou melhor, talvez eu nem quisesse mais estar com eles sem buscar o alimento para minha alma: a leitura, o conhecimento, a discussão e a reflexão. Escrevo sobre isso nesse momento porque necessito produzir um texto, e um texto não se produz sem estudar alguns outros textos. Boa hora para arregaçar as mangas!

Um comentário:

  1. Oi colega,

    Me deixaste sem os pés...

    Após ler suas reflexões acerca da rotina que acaba se transformando o cotidiano do profissional. Preciso tecer alguns comentários. Concordo com vc na questão de não ficarmos tão longe da Universidade, mas ao mesmo tempo, o profissional da educação em nosso país não consegue sobreviver com vinte horas de trabalho semanais e os governantes tbém não vêem isto como prioridade...
    O profissional acaba aos poucos abandonando a idéia e a necessidade da busca da formação continuada, ou a grande maioria qdo. é oferecida, não aproveita, pois nem sempre sente este vazio ou necessidade que relatas. Por outro lado, temos muitos que buscam de forma autônoma, diferentes possibilidades de formação e conciliar com seu contexto diário. Até...

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