sábado, 30 de maio de 2009

Formação de professores/ras e a questão do Gênero


Parece-me que depois da publicação do texto de Joan Scott "Gênero: uma categoria útil de análise histórica", as discussões sobre Gênero se ampliaram e nos sensibilizaram definitivamente. De minha parte, digo, aprendi muito.


A autora nos faz compreender que cada cultura tem imagens prevalentes do que homens e mulheres devem ser. E, que a construção do gênero é evidente quando se verifica que ser homem ou ser mulher nem sempre supõe o mesmo em diferentes sociedades ou em diferentes épocas.


Scott quer nos provocar profundamente ao questionar o porquê Maria, mais do que Eva, é referência às mães e às professoras. A quem atenderia e traria vantagem essa crença? Esclarece que Eva e Maria, como o bem e o mal que está em cada um de nós, representam mitos de luz e escuridão, purificação e poluição, inocência e corrupção.


Se nos debruçamos sobre o estudo do Gênero, alerta a autora, podemos transformar os paradigmas disciplinares. Isso implicaria uma reescrita da história das mulheres, para uma "nova história". Na perspectiva feminina, não existe nada mais masculino do que a própria ciência. Isso implica encarar a separação tão evidente entre sujeito e objeto, corpo e mente, cognição e desejo, racionalidade e afeto.


Por isso, Gênero deve se fazer presente quando estudamos sobre desenvolvimento, trabalho, escola, família, formação de professores/as, como fonte de análise e crítica na convergência para a erradicação de situações e condições geradoras de desigualdades.


terça-feira, 26 de maio de 2009

Um tema de pesquisa para toda a vida


Na faculdade, lembro bem, houve uma professora que nos deu uma dica fantástica sobre pesquisa. Afirmava ela que deveríamos escolher um tema de pesquisa para nossa vida.
Depois de tantos anos, ainda penso muito nesse conselho. Se é que representou um conselho. Talvez ela quisesse ter dito, nas entrelinhas, que um tema era trabalho suficiente para um ser humano e que o aprofundamento somente dar-se-ia se enfrentássemos o desafio de elegê-lo de uma vez.

Atrelada a essa escolha do tema, logo me veio o dilema a respeito de que tema eu faria pesquisa na minha vida toda.

Geralmente levamos um certo tempo para ver com clareza aquilo que sempre empina nossa orelha. E realmente, meu tema sempre permeou minha vida e me instigou paralelamente na profissão. Não é a toa que as disciplinas que eu desenvolvi na minha vida no magistério estivessem tão imbricadas com uma temática recorrente. Essa temática se refere ao Gênero.
Estou retomando algumas idéias. A respeito disso pretendo postar aqui. Preparando... Dá uma satisfação!!!

sábado, 16 de maio de 2009

Existir pela virtualidade





O homem que diz "dou"Não dá!Porque quem dá mesmo Não diz!O homem que diz "vou"Não vai!Porque quando foiJá não quis!O homem que diz "sou"Não é!Porque quem é mesmo "é"Não sou!O homem que diz "tou"Não táPorque ninguém táQuando quer1



Vivemos o mundo da comunicação caracteristicamente modificado pelas tecnologias da informação, assemelhando-se a um devir e a uma flutuação sem precedentes. Podemos dizer o que queremos mesmo quando não estamos presentes e da forma como acharmos que devemos dizer. Deixamos recados para o mundo e o mundo fica “por dentro” do que antes era impensável publicar. Toda forma de comunicação passou a ser válida. Não há censura e ainda que haja, não é levada ao pé da letra. Sabemos onde encontrar aquilo que nos interessa. Desde a música preferida até a bicicleta dos anos cinquenta. Como diz parte da epígrafe: “ O homem que diz tou, não tá. Porque ninguém tá quando quer”. E no trocadilho da música de Vinicius de Moraes escapa a complexa virtualidade humana que, para alguns psicanalistas, é a única forma de ser.



1Vinicius de Moraes e Baden Powel: Canto de Ossanha.

quarta-feira, 13 de maio de 2009

Memória e esquecimento


Tenho ouvido pessoas preocupadas com a idéia de não serem lembradas pela posteridade em detrimento da certeza fatídica de que não realizaram grandes feitos. Por outro lado, já ouvi, também, e com simpatia, a total negação do desejo de outras de serem lembradas em suas existências.

Explico-me: não sou muito afeita à preocupação com fotos e registros de imagens.

Ando preocupada...

Deveria me assegurar de resguardar algumas "provas" do quanto os estudantes dos quintos anos andam animados com as pesquisas que proponho e as que se mostram necessárias no dia-a-dia de nossas aulas. Cada ida ao ATE é uma necessidade do recurso que se dispõe. E como está bonito isso neles. Hoje, por exemplo, precisávamos dados sobre o Monte Makalu. Depois, sobre São Francisco do Sul.

Percebi que o ATE tem sido um excelente dispositivo de aprendizagem. Agora só falta começar a fotografar essa idéia. Bem... fotografar uma idéia não deve ser tão simples assim! Será que os quintos anos de 2009 querem ser lembrados por isso?

terça-feira, 12 de maio de 2009

A leitura e a produção de conhecimento


Nos anos em que trabalhei com as estudantes e os estudantes (tão raros) do curso de Pedagogia, era discurso meu sinalizar que os pedagogos não deveriam se distanciar muito da universidade. Dizia que tínhamos de ter um pé nas escolas e um pé em contato com as publicações e discussões que somente a universidade tão bem sabia fazer. Depois de afastada quase dois anos desse universo, sinto uma imensa lacuna se abrindo em meu cotidiano profissional. O que eu recomendava é realmente verdadeiro. Não me parece possível ser professora sem estudar sempre. Começo a me sentir estranha e já não compreendo bem o que faço, pois quase não se tem forças para refletir quando se está oito, nove horas nas escolas. A rotina, dizem, faz mal ao casamento. Mas não é somente aos relacionamentos que ela prejudica. A profissão também sente os efeitos da repetição e da falta de renovação. Talvez consiga chegar até o final deste ano letivo sem me envolver com algum estudo sistematizado, porém será muito difícil seguir pensando e sentindo esse esvaziamento intelectual que a prática nos delega depois desse prazo. Meus futuros educandos perderiam a oportunidade de ver minha energia e meu entusiasmo. Ou melhor, talvez eu nem quisesse mais estar com eles sem buscar o alimento para minha alma: a leitura, o conhecimento, a discussão e a reflexão. Escrevo sobre isso nesse momento porque necessito produzir um texto, e um texto não se produz sem estudar alguns outros textos. Boa hora para arregaçar as mangas!

Turminha do 5° ano, matutino. Foto tirada no início do ano.

segunda-feira, 4 de maio de 2009

Lado a lado com Saramago

A imagem ao lado não é por acaso. Trata-se de Alentejo, terra natal de José Saramago, autor português, a quem eu leio e admiro profundamente.
Fiquei comovida que um autor como Saramago, prêmio Nobel de literatura, dá-se ao trabalho de criar um blog, tendo ele mais de oitenta anos. Autor de inúmeras obras, consagrado como um dos últimos grandes autores de romances, esse senhor escreve assiduamente, senão diariamente para postar em seu blog. Assim, sinto-me mais próxima dele com meu blog e, quem sabe... um dia esse homem me leia!!! rs rs rs... Caras orientadoras do curso, ficarei devendo isso a vocês!