quarta-feira, 20 de fevereiro de 2019

Adeus às ilusões: as mentiras que contamos a nós mesmos

Quando tudo deu errado...
Quando você chega à conclusão que tomou decisões equivocadamente...
Quando você se depara com uma nova vida, nunca antes vislumbrada, sem trabalho...
Uma vida que será vivida com o salário da aposentadoria...
Quando percebe que não sabe nada sobre dinheiro, finanças, investimentos e de como realmente se ganha dinheiro...
Quando se dá conta que a sua vida foi uma sequência de passos falsos e inconsequentes, ilusão e desengano... então...
Ainda é possível uma coisa: servir de exemplo para muita gente que está começando a sua vida produtiva.

Servir de exemplo, porém, não é o suficiente. Tenho percebido, mesmo nas pessoas mais próximas do meu convívio, que as minhas dificuldades não são, nem de longe, lições para os mais jovens. Se tudo der errado, eles cometerão os mesmos equívocos e, pior, instrumentalizados com orientações gratuitas de inúmeras pessoas que atualmente se dispõem a alertar.

O povo brasileiro vai morrer na praia. Com essa nova proposta da previdência não haverá mais mulheres como eu, que se aposentaram aos 48 anos e com trinta anos de contribuição e sem orientação alguma de que devia ter poupado nesses trinta anos. Nos onze anos de trabalho que se seguiram desde 2007, foram os únicos com alguma consciência sobre guardar dinheiro. Meu testemunho é que não será nada fácil e nem divertido professoras ficarem tanto tempo no magistério e muito menos numa etapa da vida em que a maratona que vivíamos aos trinta não faz o menor sentido. Quando se trabalha durante tanto tempo numa mesma atividade tem-se a certeza que a vida está em outro lugar, lá fora, onde o sol brilha. Menos nas oito horas de relógio ponto. 

O que fazer? A resposta está no não fazer. Aposentar-se sem ter poupado conscientemente para essa época encaminha para uma vida quase minimalista. Resta descobrir que essa etapa é tão desafiadora quanto os demais quarenta que você dedicou a uma profissão.