domingo, 13 de março de 2011

Outro domingo...


A janela está aberta. É dia.
Mesmo através da cortina, esse cheiro de fumaça ao longe, de alguma chaminé, entra e esse odor de terra úmida da chuva abundante de ontem, lembra minha mãe.
As manhãs de domingo de março eram assim na minha infância.
Recorrente íamos ao culto ou a alguma festa de confirmação.
Só a imagem de minha mãe, toda arrumada, assalta-me a memória.
Produziam-me enfado e apreensão, sobretudo, aqueles domingos...
Mas... às vezes, o lugar era tão aprazível, surpreendente com frutas da época
nas árvores frondosas que aqueles domingos são os únicos
dos quais tenho saudade de verdade.
Eu lamento não podê-los oferecer a minha filha Camila.
Não há mais mãe, nem festas de confirmação, nem frutas da época,
nem lugares como aqueles.
Há outros domingos, que podem ser contraditórios porque a memória sempre é autoritária. Ela seleciona o que quer que seja lembrado.