domingo, 28 de fevereiro de 2016

Saudade

Eu acho um absurdo ficar feliz e infeliz por qualquer motivo.
Geralmente não confesso esse pensamento.
Tenho medo de parecer tão mais louca que de costume.
De repente um grande vazio se instala.
Uma dor de viver qualquer coisa
Sentir qualquer coisa
Nada me obriga a achar a vida válida
A vida devia passar às vezes sem alardes
Mas eu penso nessa respiração que me mantém atenta
Aos que se foram e que eu queria ressuscitar e não posso mais

domingo, 21 de fevereiro de 2016

Vida restrita

A respiração acontece.
O pensamento vem e vai.
A fome comparece.
Outras necessidades se mostram.
Será a vida?

Ora sorrir e depois segurar as lágrimas.
Abrir e fechar os olhos.
Ver nascer e morrer pessoas.
Silêncios e falas eloquentes.
Será a vida?

Sentir alegria e chorar depois.
Dormir pelo cansaço e acordar feliz.
Regar as plantas e podar as folhas amareladas.
Cozinhar o alimento e degustar se puder.
Será a vida?

Sair de casa e voltar bem depressa ou demorar-se.
Dançar sempre em pensamento e com o corpo.
Cumprir o compromisso do trabalho e dar-se um tempo.
Enganar-se de vez em quando e acertar também.
Será a vida?

Observar o anoitecer e brincar de ficar na cama de manhã
Olhar perdidamente para o espaço e depois sem dispersar.
Deixar o domingo acabar como ele quer
Chamar o sol para aquecer e a chuva quando o chão secar.
Será a vida?

Aceitar o caminhar dos passos perdidos e vê-los voltar
Ficar um tempo e ir embora de vez
Buscar a serenidade e pedir ajuda.
Deixar o vento levar o mundo para onde ele quiser.
Será a vida?