sábado, 16 de maio de 2009

Existir pela virtualidade





O homem que diz "dou"Não dá!Porque quem dá mesmo Não diz!O homem que diz "vou"Não vai!Porque quando foiJá não quis!O homem que diz "sou"Não é!Porque quem é mesmo "é"Não sou!O homem que diz "tou"Não táPorque ninguém táQuando quer1



Vivemos o mundo da comunicação caracteristicamente modificado pelas tecnologias da informação, assemelhando-se a um devir e a uma flutuação sem precedentes. Podemos dizer o que queremos mesmo quando não estamos presentes e da forma como acharmos que devemos dizer. Deixamos recados para o mundo e o mundo fica “por dentro” do que antes era impensável publicar. Toda forma de comunicação passou a ser válida. Não há censura e ainda que haja, não é levada ao pé da letra. Sabemos onde encontrar aquilo que nos interessa. Desde a música preferida até a bicicleta dos anos cinquenta. Como diz parte da epígrafe: “ O homem que diz tou, não tá. Porque ninguém tá quando quer”. E no trocadilho da música de Vinicius de Moraes escapa a complexa virtualidade humana que, para alguns psicanalistas, é a única forma de ser.



1Vinicius de Moraes e Baden Powel: Canto de Ossanha.

3 comentários:

  1. seus escritos reforçam minha impressão de ti, de que és uma observadora única. silenciosa, que sabe bem escolher as palavras, e o quando se pronunciar. saiba que seu texto tem ritmo, tem som. parabéns. o livro ainda virá, sabemos.

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  2. O conjunto texto e fotografia se completaram nesta reflexão. Parabéns.

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  3. Oi Rosane,
    Gosto muito de ler o que você escreve.
    Acho que refletes bastante, e suas suas colocações são oportunas para o que estamos vivendo.
    Abraços.

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