terça-feira, 16 de janeiro de 2018

Os motivos que a minha escrita tem


Não sei bem quando comecei a escrever.
Acho que foi antes dos treze
bem na época que inicia a puberdade nos seres humanos.
Não sei de onde vieram as primeiras palavras lançadas no papel.
Apenas aconteceu...
Não era para ser escritora.
Sabia pouco sobre a língua.
Intuía que deixar palavras escritas, vindas de um lugar desconhecido de dentro de mim,
fariam eu experimentar uma sensação de terapia constante.
Era a angústia de viver que surgia.
Essa tal de angústia existencial, próxima dos tímidos e recolhidos.

Lá em casa ninguém sorria à toa.
Também ninguém escrevia além do que exigia o magistério de minha mãe.
Então por quê eu tinha de escrever?
Livros não havia lido, textos não eram escritos na escola da época.
Como a escrita, então, tornou-se meu instrumento de comunicação?

Logo minhas poesias e poemas mal escritos começaram a incomodar.
Fiquei sabendo que a minha angústia me tornava uma inadequada.
Tudo teria sido melhor se eu não sentisse nada.
Se eu encarasse a vida com mais coragem.
Se eu tivesse buscado meus próprios caminhos.

Mas a vida não foi perfeita.
Tinha que cumprir minha tarefa de menina boazinha.
E desisti de fazer algo com minha vontade de escrever.
Transformei minha escrita numa panaceia, uma fuga para tudo o que me acontecia.
Até hoje.



Nenhum comentário:

Postar um comentário